domingo, 6 de maio de 2012

Complexo, Eu?


Não sei bem se me sinto um privilegiado, ou se recai como condenação, o fato de ser/estar dentre alguns milhões de seres humanos que já vivenciou os impactos de dois Séculos em vida... Parece bobo, mas viver o final conturbado do Século XX, que projetava mudanças radicais para o tempo futuro, e hoje ver determinadas descobertas se tornaram simplesmente obsoletas, ao passo de vivenciar o Século XXI que traz mudanças significativas ao comportamento humano, embora também insistente em permanecer pautado em paradigmas históricos que simplesmente não cabem à racionalidade e a sensatez, é minimante de deixar qualquer um/a louco...
Título que ainda não me substanciou...

Fico observando a vida lá fora, aquela que vai se reproduzindo distante me meu existencialismo, e que me possibilita conferir, refletir, sentir o que por hora faz-me entender premiado por ser de uma geração que ainda repudia as mudanças repentinas das novas tecnologias, talvez por serem avançadas em demasia à psique do final do Século XX, talvez por atender aos desejos do capital, que vivenciou assustado o tempo dos gigantes computadores, de memórias ínfimas para os dias de hoje, e percebeu na pele e nos sentidos a ambição criada pelos celulares de quase um kg... Por hora também me sinto condenado pelo bem/mal que tudo isso criou em mim e na forma como eu e a humanidade hoje nos comportamos diante da necessidade umbilical de tudo isso  que hoje ”novo”, nos exige e requer sempre mais... Horas e mais horas de dedicação frente do computador... Aqui estudamos, namoramos, comunicamos, trocamos, compramos, pagamos, transamos e aos poucos nos escravizamos...

Antídotos para o mau do século XXI
 Creio que de certa forma, já consigo compreender a inevitável presença do paradoxo, que meu grande amigo e professor in memorian, Rufino Waway, tentava revelar nas aulas de filosofia, ao denunciar o antagonismo como base na formação do pensamento humano eurocêntrico e também norte americano... Creio que todo pensamento condescendente destes, já nasce de certa forma estruturado em paradoxos, e mantém esta tradição, equivocada para alguns comportamentos, em especial quando nos força apropriar de valores para avaliarmos e sermos avaliados polica-social-espiritual e biologicamente...

Quero insistir no que me parece óbvio, para conseguir acompanhar o que ainda hoje, longe da violência desse tempo de rupturas, acessos, cultura global e substituição de valores pelo nada, que me faz acreditar parecer ser central para mudanças, para cultivar dias melhores e quem sabe em algum momento poder colher frutos saudáveis para a dignidade humana...


Espero não estar solitário, na vigilância dos impactos de todas estas mudanças que em minha avaliação tem tornado o planeta esquizofrênico e uma província global. Creio que minha complexidade alcança olhares singelos dos/as que como eu, observam, escutam e sentem a chegada de um momento de extrema delicadeza, que nos vai requerer bem mais, que energias e ânimos para o trabalho e por busca meritocrática rumo ao alcance de privilégios...

O Cerrado doente de humanidade
Confesso que me assusta, esta cultura de equalização dos corpos em especial a devastação da natureza, em que pese o meu Cerrado norte mineiro invadido pelos Pantations de eucalipto, e tudo isso justificado em nome do progresso. Dói, ver a morte dos rios e as respostas furiosas que a natureza vem dando ao descontrole sócio/ambiental, mas temo e aguardo algo pior chegar... Não é tão difícil prever, é fácil sentir um pior se aproximar, basta abrir os sentidos e ver... Isso tem forçado a reorganizar minhas energias, preservar certas posturas e o meu corpo para uma guerra mais bruta... Não cabe depositar mais tanta importância, as incoerências da reorganização da língua portuguesa, ou da pressão para entender/dominar o inglês, hoje há coisas mais emergenciais e importantes para se tratar, resgatar, formular, sei lá...

Caráter, origem, fé, esperança, amor, família, dignidade, honestidade, música, poesia, tempo, sorrisos sinceros, conversas na sala, olhos nos olhos, felicidade limpa, companheirismo, direitos, deveres, amizade verdadeira, coletividade, nacionalismo, respeito, educação, limite, mão dadas, cuidado, empatia, fidelidade, beijo no rosto, na testa, nas mãos, deus, percepção do óbvio, simplicidade, tempo livre, história oral... O que tem acontecido com estas e tantas outras características do humano?  

Terá se tornado virtual como boa parte de nossas necessidades? Seria esta pergunta uma resposta? Ter-se-iam evoluído? Para quê? Para onde? Bem, de mim não resta muito senão acompanhar atento, os passos deste tempo e propor sugestões, provocações, análises enquanto me preparo para algo que temo ser ainda pior, pois sinceramente creio que se houvesse um pouquinho mais de bom senso, nossa direção e orientação como humanidade seria outra, totalmente diferente...

Não haveria espaço para corrupção, violência, discriminação, disputas e tanta desvalorização do ser humano. Daqui, ligado, atento, conectado e morrendo aos poucos, vou vivendo os bônus/ônus deste paradoxal século, que aqui jaz, faz de mim, para mim e para a humanidade, sermos nós todos/as complexos na relatividade do efêmero e rápido tempo que já se foi...

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