quarta-feira, 28 de março de 2012

“Nada Acima de Nós sem Nós”


A frase título, que introduz informações sobre o segundo dia da atividade de formação “Interseccionalidades de raça, gênero e geração nas Políticas Públicas e no Orçamento Público, com foco na saúde das mulheres negras”, organizado pelo UNFPA e CRIOLA, que se estenderá até o dia 31 de março de 2012 em Brasília/DF, foi o resultado da dinâmica de regresso do almoço, do Grupo de Saúde, formados por participantes da formação.

Entoada nas diversas vozes presentes, a frase revela os sentimentos já sedimentados nas mulheres negras, e as expectativas existentes para os próximos dias, o que aumenta a responsabilidade das próximas exposições, bem como do papel multiplicador de cada uma presente na atividade. A avaliação do primeiro dia de trabalhos feito na manhã de hoje 27/03 refletiu sobre a importância desse momento histórico para as mulheres negras, e a qualidade das apresentações e dos debates, realizados em alto nível teórico, para mim é ingrediente de novas descobertas e ampliação de um olhar que minha formação de homem, minhas ideologias patriarcalistas e machistas insistiam em negligenciar ver.

Após a apresentação do “Jornal Matinal”, atividade realizada por três voluntárias que se revezam a cada dia do encontro, tendo como objetivo: versar sobre os acontecimentos do mundo sobre a temática em debate, e os acontecimentos mais polêmicos e cômicos do evento, marcante a cada dia, a programação recebeu Lidiani Gonçalves, ativista do movimento feminista que apresentou na perspectiva do Direito, a longa trajetória histórica das lutas sociais nos Tratados, Conversões, Pactos, Declarações e Conferências Internacionais que o Brasil é signatário. Revelou a importância da apropriação destas ferramentas para qualificação da ação política. A programação seguiu com a Dra. Maria Inês Barbosa que indubitavelmente merece o maior destaque nas ações deste segundo dia de formação.
Dra. Maria Inês Barbosa... Indescritível...

Após trazer o relato histórico da luta do Movimento Social Negro no Brasil e versar sobre a mudança decisiva de postura que por parte dos ativistas tiveram, em especial por mulheres negras após 1980, revelando a decisão política de apropriação do espaço acadêmico nesta data, Maria Inês pontuou a VII Conferência Nacional de Saúde como marco histórico na saúde brasileira, em especial para se pensar à saúde das mulheres negras. Esta conferência, segundo Maria Inês, questiona o conceito de saúde adotado pela ONU, que se baseia no “Modelo Flexineriano” ainda não superado em nossa sociedade, onde foco é dado na doença de forma individual e concreta. Quanto somos tratadas/os como pacientes, ou meros leitos de hospitais é sinal que o modelo  ainda persiste na saúde. Sua apresentação foi principalmente baseada nos estudos da médica negra Câmara Jhones, que estudou as dimensões do racismo nos Estados Unidos. Maria Inês usa parte dos estudos de forma metafórica, para exemplificar como esse fenômeno ocorre no Brasil. Incita a importância de um Projeto Político para o Povo Negro, suas metas para curto, médio e longo prazo. Tomada por uma dialética metodológica invejável, Maria Inês faz analogias, apresenta exemplos próximos das realidades das participantes, que propicia fácil assimilação do conteúdo. Encerra refletindo que a luta anti-racista no Brasil, antes de querer combater o racismo, é preciso revelá-lo, retirar o véu que o esconde, pois sua desconstrução só poderá ser feita de forma coletiva. É invejável a forma como essa mulher usa as palavras, Eu quero rsrsrsrsrsrsrsrs...


As exposições da segunda metade do dia trazem novamente para o centro dos debates, o desafio de se garantir os direitos sexuais e reprodutivos, direitos que inegavelmente vem se avançando em partes (reprodutivos) e tendo dificuldades, barreiras, retrocessos em outras (sexuais). Mediando e problematizando as exposições das representantes governamentais da Secretaria Nacional de Mulher (Beth Saar) e da Área Técnica de Saúde da Mulher/MS (Ester Maia), a médica professora Wilza Vilella (UNIFESP) possibilitou um debate saudável e enriquecedor para a formação.

Eu e Patricia (irmã), jovem, negra
 a quem  minhas transformações são dedicadas
O Dia encerrou-se com a apresentação da epidemiologista Raquel B. de Lima, da Coordenação de Vigilância de Óbitos/MS, que apresentou dados importantes embora tristes e desafiadores para a saúde brasileira. Fiquei assustado em saber a quantidade de pessoas que morre por ano no Brasil. Em conversas no corredor Raquel revelou que o departamento trabalha com a margem de 1 milhão/ano. Certamente mais me assustou ao saber que morrem aproximadamente 65.000 mulheres em idade fértil ( entre 10 e 49 anos). Esse dado sem dúvidas me impactou e me deixou indignações severas ao revelar que mulheres negras tem 3 (três) vezes mais chances de morrer em idade fértil que as mulheres brancas. Isso significa que por dia, morrem no Brasil em idade fértil aproximadamente 180 mulheres, e a suprema maioria é negra. Ao desagregar os dados por geração, Raquel mostra que de 2000 a 2010 o número de óbitos diagnosticados de mulheres jovens brancas caiu, enquanto o número de óbitos diagnosticados de mulheres negras aumentou significativamente.

O segundo dia de atividades encerrou, deixando muitas inquietações, dúvidas e revoltas internas, revelando que a formação é uma importante ferramenta para qualificar as ações políticas e romper na luta anti-racista no Brasil. 

terça-feira, 27 de março de 2012

Interseccionalidades e os Novos Olhares...

Brasília 26 de março de 2012;


Após 18 horas de viagem do Rio de Janeiro a Brasília/DF, estou mais uma vez na capital das decisões políticas brasileiras. Aqui, onde boa parte de tudo que é decido para a vida dos/as brasileiros/as terá nos próximos dias, uma formação que já se mostra fundamental para minha formação.

Ao fim do primeiro dia da Atividade da formação “Interseccionalidades de raça, gênero e geração nas Políticas Públicas e no Orçamento Público, com foco na saúde das mulheres negras”organizado pelo UNFPA e CRIOLA, que se estende até o dia 31 de março de 2012 em Brasília/DF, revela no término de seu primeiro dia, grandes expectativas, além de um rico e denso debate rumo a apropriação de novos conhecimentos. A formação destinada a lideranças negras das cinco regiões do Brasil, busca qualificar ações para impactos nas políticas públicas de saúde destinadas à população negra brasileira, em que pese o direito à saúde das mulheres negras.

O resgate coletivo do ativismo histórico das lutas sociais, sem perder o foco nas mulheres negras e na saúde, gerou a estruturação de uma linha do tempo dos marcos históricos significativos para as/os participantes. À frente desta dinâmica, estiveram Fernanda Lopes (UNFPA) e Lúcia Xavier (CRIOLA) que instigaram a identificação das/os várias/os sujeitos políticos que lutam pelos Direitos Humanos (sociais, políticos, econômicos, culturais entre outros).

Indubitavelmente uma das mais importantes capacitações de minha vida...
Lúcia Xavier(CRIOLA), apropriando de uma metodologia didática de alcance a todas/os, com sensibilidade e respeito às diversidades físicas, sexuais, geracionais presentes na atividade, fez de sua exposição um poema de fácil assimilação, quando tratou da harmonização de conceitos e abordagens sobre a Construção dos Sujeitos Políticos e sobre Direitos Humanos. Abriu e aprofundou discussão em torno do conceito de Kimberle Crenshaw (criado no processo da Conferência de Durban 2001), onde o uso metodológico das interseccionalidades foi primeiramente apresentado, com o objetivo de refletir sobre o alcance dos direitos às diferentes mulheres no mundo.

O dia se encerrou com a apresentação de Alexandre Ciconello (INESP) que refletiu sobre o Plano Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais/PIDESC incluindo também o Ambiental. Segundo Alexandre “não da para se pensar Direitos Humanos no Brasil, sem pensar na dimensão racial e de gênero”.

O primeiro dia foi uma importante base, que sustentará as várias outras reflexões desta capacitação que se mostra extremamente promissora. Um novo mundo que se apresenta aos meus olhos...

sábado, 24 de março de 2012

Como uma Ilha


É desconcertante, a postura que assumimos quando tocam em nossas paixões, nosso lugar de fala e de construção social, em especial quando o foco são as estruturas e certezas que estabelecemos em nosso decurso existencial  na terra. Apegados às referências que criamos, depositamos no que materializamos durante a vida, mesmo quanto este produto são pessoas como nós, às certezas que estabelecemos como prioridades. Negligenciamos muitas vezes, a individualidade de uma dialética pessoal que possibilita transformações diárias nas pessoas que vivem em nosso entrono, desconsiderando até nossas próprias subjetividades...

Essa noite me sentindo como uma ilha deserta, vazia de interesses e movimentações, me peguei refletindo sobre as trajetórias que tenho feito e aos apoios que tenho usado para dar continuidade a minha caminhada pessoal... Cercado por um oceano de pessoas, que se amontoam nesta cidade quente, não tenho encontrado possibilidades de incursões, senão de ceder a alguns/as navegantes solitários/as, que curiosos/as usam o telefone e/ou computador para se comunicar comigo. Da mesma forma eu, me apego a estas mesmas estratégias ao usar essa plataforma para me comunicar com o mundo. Permito assim que atraquem em um lugar desconhecido ou bem definido de mim, e nesta postura encontro alivio ou anestesia para sinto-me melhor, pelo menos em companhia em peculiares e inevitáveis momentos...

Engraçado isso, embora também violento... Coisas que nos permitimos fazer e sentir...

Conversas extensas ao telefone, horas e mais horas dedicadas em frente ao computador, dias de leituras intensas a fim de encontrar uma epistemologia capaz de suprir carências, levam-me para um lugar cada vez mais distante do continente humano, fazendo-me uma ilha perdida em meio a vastidão dos interesses e de uma mente subversiva, reacionária e prolixa, e por isso íntegra e fiel a sua formação...
Meu irmão Marquim e sua namorada Adriana na trilha da Praia Vermelha/RJ
Ao fundo uma Ilha...

Surpreendido por um psicanalista contemporâneo essa semana, que definiu o Amor como um “Truque” da estratégia humana (http://www.youtube.com/watch?v=RhbrgFYFSU0), fiquei reflexivo sobre tamanha ousadia no pensamento. Achei a priori o conceito ousado e tive restrições, mas a excitação gerada foi  inevitável, e logo desejei acessar a compreensão.  Contardo Calligaris discorre de forma interessante sobre a subjetividade da mente humana e explica que apropriamos do que identificamos como amor, fazendo dele um “Truque” bom, uma ferramenta narcisista/hedonista de conquista para chegarmos onde queremos ou necessitamos. Ressalta que a pessoa que julgamos amar não tem tanta importância neste processo, e percebi de pois de refletir um pouco sobre, que essa teoria tem lá suas procedências em mim... rsrsrsrsrsrrsrsrs...

Tratamos com carinhos mais ofegantes quando queremos algo dos nossos pais, amigos, parceiros sexuais, amantes, filhos, patrão, professores até mesmo a Deus quando o negócio está sério demais; Surpreendemos quem temos como especial, com presentes ou ações delicadas para fazermos se apaixonar mais por nós; Demonstramos mais compreensão, quando o que está em jogo é uma possível ruptura;  Decidimos até mudar nosso posicionamento político, para provarmos nosso amor, aí fazemos juras rsrsrsrrsrsrs. O interessante nas palavras do psicanalista é que fazemos isso para nós mesmo "um circuito fechado", onde o outro para quem dedicamos tamanhas atitudes não tem tanta importância...

Achei coerência em alguns pontos de vista de Calligaris, o que me fez certificar do quanto a prática do exercício do que amo é capaz tem me fechado em um corpo ilhado, ainda que rodeado por pessoas e imagens, sento-me só boa parte do tempo. Há quem diga que a internet deixou a solidão no século passado, outros/as antagonicamente são solidários à compreensão de que a internet dar provas reais ao isolamento humano.   

O fato é que Calligaris, ao falar do amor como um “Truque” de nossas estratégias, apresenta o desejo pessoal como vetor principal de nossas motivações, o que nos faz criar, desenvolver e aperfeiçoar práticas de conquista e sedução junto ao que desejamos alcançar, e isso indubitavelmente nos tornam ilhas...   

Minha prática pessoal tem circunscrito a dois dias semanais (segunda e quarta), o tempo dedicado a trocas empíricas com pessoas, e acredite, há quem resume isso há menos tempo que eu... O resto se estabelece por telefones e pela internet. Sinto-me após algumas reflexões nesta direção, uma ilha, mas quero ser também um porto seguro.

Não importo que para isso, eu necessite usar estratégias hedonistas/narcisistas, "Truques", para conquistar tal objetivo, não me importo. A apropriação do amor como truque ou como qualquer outra forma esquizofrênica de ser, vale, para estar em companhia e não sentir-se como em uma ilha deserta...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ver-se e Ler-se...

Antes de sermos nós, somos outros que aos poucos possibilitamos outros ser outros se assim quiser ser...

Entre vírgulas e sílabas, construímos, desconstruímos, abundantes formas outras, toscas, dentre poucas outras de nós, que possamos realmente ver, ou possibilitar o outro ser...

O pilar nos nos sustenta, são formados por quadros, fatos, sentimentos, sentidos, as vezes efêmeros por outros, que reagem no âmago convicto, ímpeto, conciso e desconsertante do eu no outro que passamos a querer...

A prática do amor que julgamos nos mover, sustentar, energizar, endireitar, também oxida, desnuda e muda de forma brusca nosso jeito de ser e lhe dar, inclusive a própria forma de amar o outro ou a nós mesmos...

Abastecido entre imagens, carinhos, afetos, abraços e conselhos, também vejo-me preso a nuances de outros que aos poucos se tornam eu, e mudam meu eu, que já eu me fazer não ser somente eu, sim outro no  outro...

Eu de novo (re)significando-me em mim...

Estas mudanças que forjam as esperanças, permitem perscrutar o novo que de novo se transforma noutros e fazem dos sonhos meus outros, e trazem possibilidades reais vivenciar, bem como amar, mudar, renascer em mim um outro...

Entre palavras, resenhas, livros e relações, ver-se e ler-se é uma prática analítica, psíquica pessoal, que poucos na sua profundidade particular, conseguem mergulhar e decifrar, as verdadeiras imagens de si, que sustentam seu ser no ser de outro que a nós passa a ser, também se fazendo outro...

Inato, aleatório e vulgar, por vezes desprezamos o eu, que no outro encontra abrigo, protegido, conciso, refletido, e ali buscamos nos atracar, e sentimos no outro, a imagem do eu, que confunde o eu fazendo dele outro...

Redes estendidas, sombra fresca e água para nos hidratar, perdem-nos em fantasias, miragens, imagens de nós que diferente de nós queremos estar, e entregamos ao alento o que nós podemos ser no ser de outro que outro passa a nos transformar...

Se ser eu é difícil, ínfimo, incapaz, o outro que mesmo sendo outro também insiste em ser outro, e faz com que eu com meu eu distancie de mim, busque meu eu no outro que o outro também deseja ser...

Aí percebemos que ser outro é perigoso, já que também o outro, outro deseja ser...

Seja essa ou outra a sina, refaço a rima, arrumo a mala e faço das valas abertas no meu consciente, trincheiras, ou simplesmente mudo para outro lugar...

Mudo minha forma de ser, meu cabelo, deixo a barba e o pelos do rosto crescer, e parto rumo a busca perene de mim, buscando a mim e somente a mim encontrar, mesmo que deste lugar outro eu vier a ser... 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Entre Pólos...

O dia começou com um comovente episódio, ocorrido na BR 135, altura do KM 480, entre Belo Horizonte/MG e Montes Claros/MG, onde presenciei um carro capotar por várias vezes e ver uma criança ser lançada para fora, como se fosse um boneco... Presenciar seu corpo ser desvestido da pele no asfalto quente, enquanto ao seu lado, carros e carretas passavam e simplesmente olhavam o desespero do pai que  se dividia entre a culpa e a preocupação com seu filho e sua mulher ainda presa dentro do carro... Que triste e forte cena...

Talvez sonhando...
Esse mesmo dia, teve um desfecho a pouca horas entre abraços e beijos, canções e um vasto e apetitoso repertório de sorrisos e alegrias trocadas, enquanto o Miguel (caçula da família), brincava inocente após o jantar, enquanto repetia todas as novas palavras de seu dicionários e me encantava com sua sensibilidade a mim... Que linda e forte cena...

Paradoxo isso não???

É sim... Embora somente eu, entre os meus, tenha presenciado os acontecimentos como narrados acima, complicados de dia entre os extremos,  tudo isso é sem dúvidas um grande e tremendo antagonismo... Certamente mais para mim... Até o presente momento não consigo ir para a cama, arrumada com todo carinho pela minha mãe... Aliás está aí uma coisa que me falta em meio tando já dispensado a mim neste dia... Carinhos... Paradoxo não??? Certamente sim...

Na minha esquerda meu irmão mais velho... na minha frente meu afilhado, sua mãe e sua irmã apertados em uma cama de casal que sente a ausência do irmão caçula, que esse momento provavelmente preparando-se para encerrar seu expediente de trabalho... Nas minhas costas, meu pai e mãe, lindos, que deixam transparecer sua felicidade por ver-nos todos reunidos aqui... Na minha direita ao fundo minha irmãs, que está mais linda a cada dia... Sobre todos nós meu irmão segundo, como sempre, mais isolado em seu infinito particular... a me esquecido, a minha esquerda meu querido e fiel amigo Obama sobre um tapete que estendi para ele...
Obama...

Ao centro de todas essas cenas que dorme, inclusive o Obama, eu e o computador, relação complicada essa...

Dilacerado pelas fortes cenas e intensos sentimentos emanados de/a mim no dia de hoje, me pego sorridente e chorando... Forte e Fraco... Realizado e oco  de saudade...

Fui atacado com uma pergunta simples de meu pai a pouco... "Quando estás só lá no Rio, você chora?" Inevitavelmente respondi em meio a sorrisos... (lágrimas...) 

Bem, sou assim, aliás, estou assim... Creio que muitos também estejam por aí e sei ainda que eu tenha parte em determinadas situações destinadas a outros, que não queria... Enquanto isso as várias saudades aperta aqui no fundo do meu peito... E me consome, me levando de um centro ao outro... Como queria te encontrar em uma dessas esquinas ali...

Engraçado como a certificação da fragilidade da vida, faz com que gastemo-a com mais intensidade e também de forma mais promíscuo... Hoje certifiquei como gosto de motocicleta e do quanto ela me deixa frágil, vulnerável, e como mesmo assim continuo preferindo este tipo de locomoção... O vento no rosto, traz sensação de liberdade e força e mostra o quanto estes dois ingredientes juntos pode ser maléfico para a saúde... Como nossos próprios antagonismos...

Depois de me despedir de cada um dos meus hoje, me restou a sala, um copo de água e meus pensamentos, que de repletos carinhos e amor, ainda sim com saudades e dor...


quarta-feira, 14 de março de 2012

Atrás de Respostas...


Rodoviária Novo Rio, Rio de Janeiro/Brasil, 21:41 horas... Faz calor, embora o que mais me aquece são as expectativas do reencontro com meu Sertão Norte Mineiro e com minha família que já distante estou há exatos dois meses e 02 dias, completos na madrugada de hoje... Meu âmago pede tempo, um primeiro momento necessário nesta nova empreitada de minha vida, para conseguir resistir... 

Andando pelo mundo... BSB
Embora ainda só esteja no início do primeiro tempo de uma partida que tem teto em setembro de 2013, esses dois primeiros meses já me exigiram um fôlego de atleta, e agora, já com a passagem em mãos, buscarei me oxigenar em minha querida terra natal... Certamente será mais que uma viagem de visita aos familiares como a resposta do bilhete melhor adéqua... Vou atrás de respostas para indagações pessoais, evidentes em meu corpo que é um arquivo de desejos e sensações e que sente o mundo e os sentimentos de forma intensa e forte.  Algumas mais forte que outras, têm me consumido nos dias e noites solitários nesta metrópole brasileira, em especial nos dois últimos...

Engraçado como o tempo passa rápido... Aqui já me peguei sendo um destes que é capaz de dar orientações sobre o metrô, ônibus ou lugar rsrsrsrsrsrsrs... Como foi rápido este processo,, e como é rápida a vida... Mas enfim, já é hora de voltar, ver o cerrado, sentir o Sertão...

No fone do celular, acompanhando-me há algumas horas a dolorosa batida de um blues de nome Don’t You Remember, na irreverente voz de Adele, retinta a forte mensagem de um tempo particular... Retrata um momento singular, que exige respostas singulares... A elas também vou ao encontro que naturalmente saem pela boca de minha Mãezinha na cozinha de sua casa, que também dizem ser minha rsrsrsrsrsrsrs... Quantas saudades tenho do arroz molhado, pré-cozido com um caldo de feijão temperado na hora... Não há gosto igual no mundo rsrsrsrsrsrsrs...

Entretenimento indispensável na casa de meus pais...
Essa barriga já não existe mais rsrsrsrsrsrs...
Já compreendido das perdas deste fim de semana que promete, em um caso em especial, nos ganhos rsrsrsrsrsrs que certamente terei, frente aos sofridos 87 kg alcançados nos últimos dois meses, depois de ter alcançado 3 dígitos  rsrsrrsrsrsrsrsrsrs... Para minha Mãe certamente aos me ver achará que não estou me alimentando bem, pois a mudança desde o cabelo curto, a abarba e bigode grande e a expressão de todas essas pressões em meu corpo de 87 kg, sobrará sem dúvida muita disposição para fazer todas as comidas que eu gosto rsrsrsrsrsrsrs...

Tentarei não me conter em minha subjetividade solitária que já peguei certo costume nos últimos dias, mas infelizmente não conseguir trazer na bagagem mais roupas que livros... Sei da importância da troca, mas ao mesmo tempo temo por não conseguir mais me ver o Juliano que saiu da casa dos pais há dois meses e dois dias... O violão (Lau) que também levo como bagagem, me ajudará nessa empreitada...

O Silêncio creio ser fundamental para achar as resposta que preciso e vou buscar... Talvez estranhem minha forma, talvez não, mas certamente já não sou o mesmo e neste momento preciso de respostas e atrás delas eu vou...

terça-feira, 13 de março de 2012

No Caminho...

É  como se tivesse tirado uma parte de mim... Como se a outra metade não pudesse ser alcançada pelas minhas mãos... Momentos que deixam o próximo passo confuso e desnorteado...

Apoio...
Temo não saber lidar com tudo isso... E confesso não saber o que fazer... E o que há para fazer?

As batidas profundas e dolorosas do jaz de Louis Armstrong, toca profundamente algo aqui dentro de mim. O som que neste exato momento penetra meu corpo, deixa-me pequeno diante minhas próprias carências e desejos. diante minhas decisões e indecisões... Queria eu resolver tudo assim, num estalar de dedos... Mas não consigo... Tenho que passar por todas essas dores... Todas elas... E superar qualquer que seja o resultado...

Pessoas como eu, que (sobre)vivem um dia a cada vez, tem que se (re)erguer a cada decisão, sendo elas boas ou ruins e continuar sua trajetória...

Engraçado como fico vulnerável a certos olhares. Acho que não sou o único assim... Mesmo quando somente representados por certas cenas fotografadas no tempo... Os olhares tem o poder de mudar condutas e até a direção de uma vida... E eu não fujo da regra... Mas não posso me dar o luxo de me abalar com as verdades sobre mim... Não agora... Não posso perder a direção do caminho... Preciso seguir...

Moi e eu, aos 5 e 6 anos... Sempre tive a guarda baixa rsrsrsrsrs...
Temos sempre uma parte de nós que costuma ser mais egoísta que as outras... Não sei qual das minhas se destaca... Às vezes temo, que todas elas sejam egoístas... Sei que a construção de toda independência que pautei para mim, me custou um elevado valor, sentimental, físico e espiritual... Valores que às vezes, tento não pagar, ou pelo menos protelar seu pagamento... Acho que uso muito dessa técnica, e já percebo o quanto esse exercício dói... (Sobre)viver não é nada fácil... Mas preciso continuar a seguir...

Os conflitos que se materializam frente meus olhos, alguns nem sempre enxergados, outros eu mesmo opto por não vê-los... Cobranças que custam altos valores para a existência, não cabem em determinados momentos e este, certamente é um... A quem diga que viver dói... Certamente para alguns, mais que para outros... Mas é preciso seguir...


Aqui, em mais uma noite entre pensamentos e músicas, esta em especial preparando um pequena mochila para subir até o Sertão Norte Mineiro amanhã, já espero poder encontrar todas as energias necessárias nos meus que me aguardam, para na segunda feira, voltar a realidade desse quarto, que também é sala e escritório e continuar minha caminhada...

Abraços, sorrisos, carinhos, olhares que não me deixam perder a direção...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sonho Real


Dias difíceis... Noite dolorosa...

Impossível não passar por momentos assim... Uma noite extensa que se transformou em dia e certamente deixará desdobramentos nesta semana...

Efeitos estes, que somam as bem representadas cenas, refletidas da janela do quarto, que também é sala e escritório, um retrato perfeito de mim neste momento...

Uma linda montanha tomada por casas que se amontoam... De um lado o verde natural que insiste em permanecer vigoroso, entre as gigantes pedras e poucas árvores de grade estatura, de outro a necessidade humana escalando a íngreme extensão da rocha, isolando seu solo com cimento e tijolos...
Lado esquerdo de minha janela...

Acho que me sinto assim, como a montanha que vai sendo representada por casas e pessoas, até deixar de ser montanha e passar ser chamada de morro, neste meu caso o do Juramento, também conhecido como favela, comunidade entre outros eufemismos que usamos para substituir os estragos que comentemos...

Como conseguimos ser tão determinados/as? Para umas coisas mais que as outras, sem dúvidas... Escalar uma montanha, construir casas a beira de precipícios às vezes é bem mais fácil que superar carências, medos e as naturais inseguranças que nos formam, em especial superar os momentos quando sentimo-nos só... Venho me indignando com as representações que fazem de mim nesta cidade, tentando me livrar do peso de ser mais um perdido entre carros e avenidas, mais solitário entre as carências naturais e visão de mundo que vou adquirindo com minhas leituras e análises...
Morro do Juramento sendo preparado para nova incursão...


Novamente o peso das decisões me invade... Da parte final de ontem, que se estende a este momento, tenho de forma mais intensa, desejado as coisas que me faltam... Pessoas no samba no final da tarde se divertindo, bebendo, comendo e cantando em voz alta pareciam felizes, e certamente estavam, e eu querendo correr para os braços de quem amo e só ficar em silêncio enquanto recebia um carinho nas costas... Mas enfim, nem sempre é como a gente quer...

Tentei falar para o meu irmão mais velho (Carlos André), já depois das 23:00 horas, que sempre tem boas palavras nessas horas, mas não consegui completara ligação... Falei com meu Pai e Mãe e com Miguel (meu afilhado), que tentava ao telefone me mostrar à bola rsrsrsrsrsrsrs... Conseguiu arrancar-me sorrisos honestos, mas aumentou a minha saudade latente, que pulsa violentamente aqui dentro deste meu peito... 

Na extensão deste final de semana, de forma rápida ao cair do por do sol, estive na praia de Ipanema, escalei o Arpuador até seu ponto máximo (um dos lugares mais belos desta cidade). Lembrei do Eduardo Galeano quando narrou em “O livro dos Abraços” uma comovente história. Lembrei de meu querido Papai lá em Montes Claros/MG rsrsrsrsrsrs... Na história o Galeano fala de um pai que resolve apresentar seu filho ao mar e o mar a seu filho... Narra, que dunas de arreias separavam pai e filho do grande encontro, mas ao superar tais obstáculos, o filho chocado com a vastidão do mar, segurou forte nas mãos do pai e pediu... Pai, Me ajude a ver!
Vendo o Mar de alguma praia da América Central


Essa cena, materializada em meus pensamentos, foi importante ingrediente para gênese de um pequeno verso que lapidado nesta madrugada, veio a se transformar no refrão de uma canção, que carinhosamente fiz, pensando a todo momento no significado de meu Papai para mim. Embora,  não esteve comigo, segurando minha mão quando pela primeira vez vi o mar, está sempre persente segurando minhas mãos, quando necessário me pegando no colo, nos momentos mais decisivos de minha vida... Espero que a Mãe não enciume... rsrsrsrsrsrsrsrs.

Sonho Real, o título dado a música, mistura meus medos, leituras, desvios que venho pegando na vida, com a fonte de energia que encontro neste Porto Seguro que é meu querido e amado Papai... Estendo esta homenagem ao meu Amigo e Pai Mateus lá em Pirapora/MG, que me presentou com seu pai Adalberto que me tem como filho, e também é amado por mim como segundo Pai... Saudades amigos... 


Carinhosamente...

SONHO REAL

Sem representações queria eu me ver
Livre em atitudes que não me fazem mal
Mas os teus olhos simplesmente me condenam
Faz minhas fraquezas força natural

Refrão:
Mas me ajude ver o Mar
Me ajude ver o sol
A entender a vida


Me ajude ver o Mar                
                                    Me ajude ver o Sol              2x
A entender a vida... Vida 

O tempo ao teu lado é revelador
Projetam meus desejos para além de mim
Tens nestes olhos negros algo especial
Que me oferece a vida num sonho real

Refrão:

Seguro em tuas mãos passos sozinhos dou
Rumo a direções que não pudestes ir
Mas tenho na certeza deste teu olhar
Que onde quer que vou eu posso de te encontrar

Refrão:

Esse tipo de sentimento vale a pena total dedicação...

domingo, 11 de março de 2012

Novos Olhares


Músicas, poesias, acordes em cores e a penetrante força da natureza, poderiam ser os principais ingredientes utilizados, para a superação dos momentos que por vez fazem-nos menores que nossas próprias esperanças. Atraídos/as por outros apegos, insistimos em permanecer em províncias de pensamentos que nos delegam ordem (des)esperançosas, que nos fazem menores do que de fato somos na maior parte do tempo...

Buscando (re)construir certos conceitos, que esse meu tempo exige e me desafia, levei meu olhar nos últimos dias para o mundo das exatas (matemática, física, estatística entre outras ramificações), por meio de leituras e reflexões que me ajudasse a entender, interpretar, ou formar, conceitos ou simples compreensões da forma como posso melhor conduzir minhas próprias subjetividades, e romper com os entraves que ainda me impossibilitam ver, a extensão total do mar, do céu, ou da minha própria existência.
Marcas que remodelam meu tempo e minha existência...

Detalhes importantes dessa nova será o fermento deste insosso, nem por isso menos saboroso percurso em direção as soluções de minhas indagações diárias, ao mesmo tempo que tempera e forja minhas condutas, lapidando e lustrando meus pensamentos para o ensaio de novas e mais profundas reflexões...

Várias coisas neste universo (das exatas) me chamaram atenção, uma em especial apresenta a necessidade de reconhecimento do quanto à mentalidade atual é influenciada por matemáticos/as, físicos/as, estatísticos/as entre outros/as, que formaram filosofias importantíssimas para o entendimento da vida, com seus experimentos pessoais.

Muitos exatos misturaram suas dúvidas diárias e trabalhos à prática da filosofia, e formaram teorias e conceitos que ainda hoje são úteis e não superadas. Poderia citar vários, mais me renderei a refletir sobre alguns que certamente nossas lembranças não deixam escapar. Começo por Pitágoras (século VI a.C) que potencializou suas teorias ao beber em África (detalhe importante), para inventar o seu principal teorema dando novos rumos há seu tempo. Depois dele poderia citar o Arquimedes (séc. III a.C) que nos permitiu conhecer a estatística, além da lei do empuxo e a lei da alavanca entre muitas outras. Outro nome exato especial para mim fundamenta em Nicolau Copérnico (séc. XVI d.C). Ele apresentou a tese de que “a terra que girava em torno do sol”, e não o contrário como defendia Ptolomeu (séc. II d.C). Com este raciocínio Copérnico mudou  radicalmente os rumos da Astronomia e do pensamento humano. 

René Descartes (séc. XVII d.C), já citado em outros textos também foi um exato que encontrou na reflexão sobre a dúvida, a variância da existência do homem na terra e sugeriu algumas resposta. Este em especial causou impactos profundos na mudança de conceitos para seu tempo, que ainda hoje nos perseguem.  Para Descartes, de forma bem resumida “se entendemos que não há dúvida que a dúvida existe, a prática do pensamos e da reflexão existente em nós prova que “ao pensar existimos”. Embora muitos entre os seres humanos eximem-se de pensar, deixando de existir segundo este filósofo rsrsrsrsrssrs, vou me esforçando daqui para manter-me existindo, inventando minha particular maneira de subsistir neste louco e confuso mundo...

Bem, como os exatos supracitados, vários outros merecem destaquem, em especial outras que nossa história nega. Galileu Galilei e Blaise Pascal (século XVII), Isaac Newton e Friedrich Hegel (séc. XVIII), este último responsável pelo esquema dialético no qual o que existe de lógico, natural, humano, e divino, oscila perpetuamente de uma tese para uma antítese, e de volta para uma síntese mais rica. O exercício que rendem os esforços e as letras sobre a lauda neste momento tem influência direta desta teoria...

O exercício realizado até aqui, foi feito com intuito de revelar um detalhem em comum entre estes os intelectuais exatos estudados, que creio poder servir para que alcancemos novos olhares para este novo século que se desenvolve.  Estamos em março e ainda tenho lembranças frescas da virada do ano passado no interior do Norte de Minas onde celebrava a família com os meus rsrsrsrsrsrs... Tempo bom...  Parece que os dias e as noites tem ficado cada vez menores nesse novo século rsrsrsrsrsrs. Também cabe ao exercício de análises denunciar algumas fragilidades (críticas) ao pensamento moderno rsrsrsrsrsrs...

Quanto ao que percebi em comum, e pelo que me parece continua sendo para todo/a bom/boa exato/a, se fundamenta em uma simples teoria “Para determinadas questões há várias compreensões, ou respostas, para algumas em particular, há apenas uma única, e outras, simplesmente não há”. Ao me defrontar com essa maneira de ver o mundo, algumas coisas tem se tornado mais fáceis, outras nem tanto rsrsrsrsrsrs, mas a vida segue... rsrsrsrsrsrsrsrs.

Sobre a denúncia ou crítica, percebo não só na área de exatas, mas na de humanas, saúde,política entre outras muitas, que os pensamentos que sustentam as principais ideologias de compreensão da vida, ainda remetem a intelectuais centenários que morreram a séculos, isso revela em partes, a carência de pessoas desafiadas a elevar seu pensamento a um outro nível de percepção de si mesmo na terra, conseguindo apresentar maneiras outras de ler a vida e viver o tempo efêmero de nossa existência aqui.

Vaidades, nada mais que vaidades...
Não quero ser pretensioso e nem conduzir meu hedonismo a ponto de me desafiar, ou desafiar quem por ventura conseguiu chegar até o final deste texto a ser como uma destas grandes personalidades históricas, que se destacam por apresentar uma nova maneira de ver o mundo e o tempo, no tempo em que viveram. Minha vaidade não ultrapassa meus poucos livros, minhas rasas leituras e reflexões e cremes para pele e para o cabelo, bem como perfumes que manifesto interesse físico particular, mas entendo o quão importante é pensar para além de minhas províncias físicas e intelectuais, a fim de encontrar respostas que me causem alento, nem que estas se fundamentem na compreensão de que não há respostas...

Entendo que este exercício por si só, tem me possibilitado alcance de novos olhares e por si só me deixam mais aliviados...

sábado, 10 de março de 2012

As Palavras e as Coisas...


Ainda buscando soluções para os conflitos subjetivos que venho enfrentando, em especial aos que dizem respeito a cada paradigma superado por minhas reflexões, percebo os fios brancos de cabelos espalhados pelo corpo, que vão denunciando o preço do tempo e das soluções encontradas... Na leitura obrigatória para a próxima aula do mestrado um certo conforto efêmero, merece esta reflexão que reparto com vocês neste texto.

A leitura traduz o ponto de vista de um autor, filósofo e professor francês, chamado Michael Foucault sobre uma arte barroca do pintor espanhol Diego Velásquez datada de 1656, titulada “As Meninas”. O quadro pode facilmente ser encontrado na internet por ser inegavelmente uma grande arte que como demonstra Foucault, marca a ruptura de um tempo, nesse caso, promove o início de uma era, a Modernidade, vista pela arte.  Sem querer aprofundar nos detalhes das obras (quadro e livro), pois muitos caminhos são possíveis de análises, um detalhe do impacto da arte em Foucault rendeu inspiração para o autor escrever o livro leva o título deste texto “As palavras e as coisas”. Importante orientar que não buscarei apresentar um resumo ou resenha do mesmo, mas em parte, socializar seus impactos em mim. Encontrei nas primeiras páginas ingrediente suficiente para superar algumas barreiras em meu limitado olhar para a vida.

Entre reflexões, pesquisa e o texto..

Fico espantado como tem pessoas que à frente de seu tempo, conseguem traduzir em textos (livros), coisas óbvias, que seu tempo é incapaz de compreender...  Pois bem, entendo que esse cara supracitado é indubitavelmente, uma destas pessoas, outlier por essência que não podem passar despercebido perante a razão e o saber, e hoje décadas à frente de seu tempo é capaz de revelar determinados conflitos e desatar complexos nós ideológicos com sua mente perniciosa. Sem dúvidas, Foucault é uma das mais dependentes drogas desse século, que tem me rendido dias de alucinações com sua nociva forma ler o mundo, que revela os paradoxos mais ocultos, bem com ajuda desvendar os mistérios mais profundos sobre os efeitos da vida no meu dia-a-dia... Percebo sua capacidade de me jogar para fora do meu mundo e de me colocar no tempo, em um lugar que soluções são capazes, mesmo quando o cansaço mental nos faz simples mente querer desistir... Viciado em seu próprio mau, Foucault precocemente deixou o mundo 5 (cinco) messes depois de meu nascimento em 1984... Como queria tê-lo conhecido!!!

Ao som da 13⁰ música do CD “Acervo Especial” de Sandra de Sá, percebo que meus pensamentos tem adquirido raízes, e se fundamentam a cada ruptura... Entre as várias filosofias e “verdades” trazidas na música, duas se destacam... “A gente se arrepende só do que não faz” e “Nesse mundo a gente leva, só o que viveu ”...

Drogas importantes...

Foucault e Sandra de Sá me despertaram para algo que ganha grandioso em minhas reflexões... “Os conceitos são importantes e precisam ser superados, sempre. Eles dizem respeito a um tempo determinado; e como a vida se desafia dialeticamente a cada instante, segundo, minuto, hora, dia, ano, década ou século, os conceitos precisam ser (re)significado a cada superação”...

Parece que me encontro menos angustiado depois desses últimos tempos, por isso vou largar esse computador e curtir o final de semana da forma como tinha me prometido fazer rsrsrsrsrsrsrs... Se isso for possível...

Palavras e Coisas são importantes subterfúgios que encontramos e usamos, para superar nossas carências, solidão entre outras deficiências, por isso é importante e fundamental conceituarmo-las no tempo, pois também dizem respeito sobre nós e sobre o nosso momento, e sobre o que estamos tornando... 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Pedindo Desculpas

Perante e somando as várias movimentações que estruturam e fazem deste dia, especial aos demais, não poderia deixar de fazer minha parte, dando minha contribuição às demasiadas ações que ocorrem no Brasil e fora dele, para com as Mulheres... Muitas são as ações de resistência, protagonizadas por mulheres empoderadas que dedicam cada dia de suas vidas, para a emancipação da Mulher no mundo. Outras, não menos importantes, mas insuficientes e superficiais, ao meu modo de ver, partem de homens como eu, que não reconhecem o valor da Mulher na maior parte do tempo, por causa da visão limitada e machista de nossa construção enquanto Homem, reagimos com superficiais homenagens simbólicas. 

Presente que transforma homens como eu...
Trazendo a cena de minhas reflexões e escritas a Mulher, da forma mais simples e singela, é notório o fundamental papel destas que são indubitavelmente parte fundamental de minha existência e formação. Não renderei aqui, palavras bonitas, dispensadas de meu  lado poético, por hoje ser um dia simbólico que geralmente cingimos de belas ações e juntamos palavras dóceis e confortantes para impressionar quem amamos, ou queremos amar. É comum para mim cruzar palavras de difíceis entendimentos, que revelam coisa óbvias, bonitas, mas óbvias... Pelo contrário, revelarei um pouco de meu empenho pessoal que creio ser o maior presente que posso dedicar as mulheres desse Brasil e do Mundo, em especial as que comigo convivem...

Meninas;

Um todo perfeito...
Entre pensamentos e atitudes, descubro que dias como o de hoje, revelam o quanto nós homens somos injustos com vocês. Percebo como é desvantajosa a troca feita por nós a todo o empenho desenvolvido todos os dias por vocês. Nos presenteiam com cores, gestos, sentidos, formas e sorrisos diferenciados, que enfeitam e possibilitam a nossa vida racional, arte e sensibilidade, infelizmente passadas despercebidas pelas maioria de caras como eu.  Reconheço ser minimamente injusta, a troca de um ano de dedicação, trabalho e esforços, por um dia de café na cama, de presente que não seja um objeto que falta em casa, sobretudo na cozinha...  De um almoço especial ou um jantar a luz de velas... Nós podemos mais.... Essa troca ainda é muita injusta... Sei que podemos.

Reflito sobre minhas atitudes, muitas ainda presentes em mim e percebo como o sujeito Homem formado, é mesquinho em suas atitudes e pretensões, ao achar que podemos substituir com um único dia de homenagens e carinhos, os diversos sabores e prazeres que a relação com as Mulheres nos possibilitam. Aqui é importante ressaltar que nem me atreverei entrar na parte sexual, pois aí mesmo que a troca é injusta rsrsrsrsrsrs...

Meninas, passo a entender que antes de boas e belas palavras, antes homenagens, bombons e flores,  jantar a luz de velas e música tocada por/em um instrumento que transmite uma sensibilidade efêmera, vocês é necessário nosso intendimento e nossas atitudes, rumo a novas formas de convivências e trocas. Não estou reduzido toda relação a trocas, mas até onde elas ocorrem, penso que devem ser mais justas...

Dedicação
Vejo ser necessário e percebamos, e nesse caso sim, tenhamos a sensibilidade do quanto é pesado ser responsável pela criação dos filhos, enquanto nós só trabalhamos, e olha que hoje é raro a mulher também não trabalhar... Que é injusto diante tantas preocupações, atribuir as Mulheres a responsabilidade de cozinhar bem e de saber onde estão nossas meias... Sei que muitos destes paradigmas não se estruturam só em homens, por isso um bom presente que venho me esforçando para dar, e não um dia a cada ano, mas diariamente, se estrutura em uma dedicação pessoal ao enfrentamento de meu machismo.

Aprender fazer comida, passar e lavar roupa, fazer um fresco e apetitoso café da manhã, e dedicar ao exercício de tais tarefas é uma questão de sobrevivência para nós Homens, acabar com todas as formas de percepção de superioridade que existe em nós em detrimento das Mulheres, reconhecer seus esforços e dividir tarefas iguais, por ser o princípio de um presente cabal, que envolve posturas, mutilações internas e desconstruções,  que poderíamos e deveríamos ter, que recairiam como presentes, importantes e eficazes para as Mulheres... Esta sim seria uma grande homenagem...

Meu machismo não impede meu feminismo
Sei que a dedicação a todas essas características que o mundo masculino se esquiva, não garantiria homens melhores, mais sensíveis e mais humanos, pois existem elementos estruturantes contaminados com esse olhar superior machista, mas sei que certamente fariam as Mulheres mais Meninas, garantindo mais tempo ao árduo e exigente, que abruptamente requirimos delas, mesmo as que julgamos amar...

A todas vocês, mesmo aquelas  que só são em mente, ofereço minha dedicação, meus estudos a fim de conhecer melhor suas idiossincrasias, meus embates internos contra o machismo, minhas desconstruções, minha lutas diárias contra as posturas e pensamentos equivocados, minhas terapias e meus sinceros pedidos de Desculpas.

Um Amor Puro

Fica nítido a cada dia para mim, uma característica que se aperfeiçoa a cada página virada, a cada texto encerrado, descrito, pensado, compartilhado, que venho me desafiando estruturar nesta fase reflexiva de minha vida... Deixei para traz há alguns anos, as dúvidas de características sofistas que foram modelando minha trajetória, me fazendo um destes que assume platéias, assembléias, conduz eventos, shows, ou simples das muitas palestras que já ministrei por aí, apegado somente as verdades que fui construindo pelo caminho...

É fato que me descubro a cada novidade que encontro em mim, e ao desvendar meus próprios mistérios, amplio a capacidade de ver o mundo que se estrutura no meu entorno. Parte significativa dessa capacidade genuína de transferir para fora meu universo particular, devo a uma pessoa que com muito amor dedico estas simples palavras. Meu Amado Papai.
Papai em partida do balneário de Francisco Drumont/MG


No dia 07 de março de 1984, meu velho e querido Papai, na comemoração de seus 28 anos, juntamente com minha Mãe, ensaiavam seus primeiros olhares para o quarto filho que nascia, eu, rsrsrsrsrsrsr. Era o penúltimo de uma bela família que se consolidava no interior do interior do Norte de Minas Gerais (Região rural entre Montes Claros e Bocaiúva), e daí a necessidade de decisões sérias que viraram a página daquela história no interior...  

Dedos mutilados no trabalho..
Não sei porque nunca lhe agradeci Papai, por largar a roça naquela ocasião, e ter ido para a cidade grande "Montes Claros", que hoje para mim nem é tão grande assim rsrsrsrsrsrsrsrs, sem medo das consequências e de tudo que viriam passar para nos formar quem somos... Papai e Mamãe, muito obrigado por todos os sacrifícios passados para nos criar, e por nos ensinarem sermos seres humanos íntegros e honestos... Obrigado por me possibilitar viver tantas coisas legais e importantes, depois desta árdua atitude de largar o lugar de origem (a roça), para nos possibilitar estudos e um a vida melhor. Importa dizer que deu certo. As escolhas e tudo que passaram no passado, desde humilhações  e falta de comida, resultaram em nossa vitória, pessoal e coletiva.

De minha parte, digo que foi fundamental todo este percusso, o que tem possibilitado minha formação, e passos significativos  dados hoje. Obrigado por me possibilitar tamanhos sonhos e esperanças, fazendo-me perder noção do que é ter limites...

Papai, Muito Obrigado pelas tantas vezes que teve mutilações em teu corpo, para nos garantir o que comer e o que vestir, por nos dar um lar e por nos ensinar (sobre)viver neste mundo...  (lágrimas).

Na impossibilidade de lhe render beijos e um longo abraço de felicitações por esses 58 ciclos que completa, tento lhe presentear com essas palavras, lhe desejando meus sinceros agradecimentos pelos anos de dedicação prestado a nós, que ainda não se encerrou, e talvez nunca se encerrará...

Obrigado pelas palavras de motivação, que caem como fermento em um terreno fértil de utopias e desejos...

Papai em seu hobby predileto
Obrigado, por me ensinar cantar a vida com as mais simples melodias e encontrar nos acordes de teus pensamentos as mais arrebatadoras realizações...

Obrigado por me projetar a lugares mais audaciosos dos que por ventura tu pudestes pisar, e mesmo assim nunca ter largado as minhas mãos...

Obrigado por me ser, a mais forte referência de ser humano neste mundo, mesmo depois de conhecer presidentes de vários países, ministros, intelectuais renomados, pessoas famosas...

Obrigado por saber traduzir de forma simples, sem espaço para ambiguidades a essência do Amor que sente neste teu coração imenso, que creio ser imortal, pois sabes traduzir de forma simples o Amor que sentes, e estas atitudes mesmo após sua partida desta vida será sem dúvida eternamente lembradas...

Obrigado por nunca ter discutido, sequer levantado a voz para minha mãe, e nem para nós teus filhos, mesmo quando nossas atitudes de filhos aborrecentes, lhe permitia ser truculento, sempre fez a preferência por ser carinhosos e sensato conosco... Amo isso em você...

Obrigado por saber nos corrigir, nunca ultrapassando o limite, nunca transformando correção em violência... Na realidade nunca foi sinônimo de violência,  nem física nem verbal e por isso ter nos protegido de todas as violências simbólicas deste mundo... Hoje entendo, como consigo transformar minhas indignações em força para superar meus principais desafios... Devo isso a ti...

Obrigado por exemplo de um exímio conquistador, e me ensinar técnicas de sedução e conquista da pessoa amada, nunca deixando o fogo do Amor e do Tesão acabar em você, vistos nas formas variadas de bulinar a mãe na sala, na cozinha, ou mesmo quando ela passa por ti em algum lugar rsrsrsrsrsrsr, eu acho isso o máximo... rsrsrsrsrsrsrs... Vejo Amor Puro em suas ações...

Obrigado por ser autêntico ao teu corpo, não pretendo insuflações que te pressionam de dentro para fora rsrsrsrsrsrs, essas aí eu prefiro não copiar rssrsrsrsrsrs...

Obrigado Papai, por ser tão forte e por superar todas as barreiras, para nos dar uma família, a melhor de todas e por fazer do ambiente próximo de ti, o melhor dos  lugares que já fui neste mundo. Tudo fica perfeito quanto estamos próximos de ti.

És um grande Pai e eu Te Amo.

Papai e Mamãe no riacho na roça, lugar onde minha mãe foi criada (sítio Curral de Vara)


Engraçado que aos 28 anos, o Pai já tinha uma família consolidada, mulher, quatro filhos que dois anos mais tarde aumenta para cinco, fora as duas perdas entre o primeiro e o último... As vezes ao exercitar me ver no tempo, e localizar-me na história de minha própria vida, percebo que essa sede de mundo que hora me move, é uma característica herdada de meu Papai, que tenho certeza ir se realizando em nós, teus filhos...

Nunca se curvou aos problemas e dificuldades que surgiram por seu caminho. Encarou em sua história pessoal de vida e suas escolhas precoces, como as de ter filhos e constituir família, com todo empenho e força de seu âmago. Embora venho me eximindo de copiar estas características de ter filhos e família nestes meus 28 anos rsrsrsrsrsrsrs, não deixei de herdar a coragem de encarar a vida, virar páginas e vencer barreiras que por hora parecem insuperáveis. Como meu Papai, não mesuro as consequências de determinadas escolhas, como um dia sair da roça e ir morar de favor na casa da irmã mais velha, na cidade grande, eu venho seguindo fielmente seus passos, elementar em outras estruturas, mas certamente repetindo suas atitudes de "pular os muros" da vida, de alguns espaços que nunca eu e nem ele, sonhamos um dia poder entrar. 

Esta realidade de deixar Montes Claros/MG e vir morar no Rio de Janeiro, de estar cursando mestrado nas melhores faculdades deste estado, longe de casa e de vocês todos, é para mim, respostas e reflexos das atitudes destemidas, autônomas e protagonistas destes (Pai e Mãe) que se colocam propositivos perante a vida e aos desafios dela, por isso meu querido Papai e minha Amanda Mamãe e por outras tantas coisas que nos ensinastes, sou-lhes eternamente grato. 

Dos sonhos de meus pais de um dia morar em uma casa de janelas de vidro, ao meu de um logo ser doutor... Nossa, isso é realmente prova que estamos pulando os muros rsrsrsrsrsrsrs...

Eu e Papai no café da manhã
de comemoração de meu aniversário de 27 anos
Eu queria deixar bem nítido que eu AMO muito vocês, e sou grato por tudo que tens me possibilitado. PAPAI em especial por ser teu aniversário, dizer que TE ADMIRO mais que qualquer outra pessoa nesta terra e tenho muito ORGULHO de ser teu quarto filho... Obrigado por existir e por me possibilitar existência junto com a Mamãe. A vocês devo a minha vida, e tudo que nela se realiza... Vocês dois são as melhores e mais importantes escolhas que tenho e será sempre parte de minhas causas e desejos, bem como os mais fortes exemplos de superação, onde quer que eu esteja... Amo vocês e estou morrendo de saudades... (lágrimas)

Simplesmente teu filho penúltimo Juca.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Luneta

Assim começa um novo dia... 

Com ele, saberes, sabores e a compreensão da necessidade de mais definições de meu eu. Sintomas difíceis de confessar, que acompanham um pouco desse meu momento e também das outras  formas como venho me comportando nas andanças pela dura trajetória de minha (sobre)vivência... Sempre na procura irremediável pelas tais definições...
A cada dia mais perguntas, e menos respostas...

Mais do que nunca percebo que "Eu preciso de Foco"...

Por causa da falta de luneta, perdemos grandes oportunidade e pessoas... 

No exercício a pouco de despir-me para uma estranha, percebi o quão frágil são minhas fortalezas, e como sou fácil de me entregar aos efêmeros momentos... Na entrevista para sua tese de doutorado sobre lideranças juvenis negras, a pesquisadora, tocou em coisas antigas de minha história, que revelaram o quanto minhas pretensões, sempre tão simples e possíveis, foram se perdendo pelo caminho... E como  tenho consigo me dar bem com as perdas...

Passos perdidos em algumas estradas de Honduras

Muitas delas simplesmente caíram pelo caminho, e quando percebi, já tinha andado bastante que um retorno era impossível... Confesso que para algumas, interrompi minha trajetória e voltei para procurar, mas outras simplesmente abandonei pela estrada...

Acho que essa dura realidade do "Ser o que é Amado" nem sempre é saudável, e já possível de ser percebido, não me é mais confortável, sendo também alvo de contestação momentânea do meu âmago... Venho sentindo da importância de também amar, abrir-me a determinadas/outras experiências...

Eu temo, que entre esse frenético exercício de doação integral a um momento particular, eu me perca, e seja levado a lugares mais longes deste que já me encontro. Temo que os rastros que marcaram minha ida, deixado pelo caminho, se apaguem e que meu retorno seja perdido entre as coisa que simplesmente deixo cair...

Percebo que esse vício pode-me ser mortal... Mas também, que já não consigo sem ele viver...

Talvez seria melhor, uma mudança radical. Escolher entre a entrega integra às imagens que volta e meia me tiram a atenção ao vício de querer mais de mim para mundo... Não sei ao certo a melhor opção, mas sei que preciso de foco...