quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CAMINHOS

Entre vitrines quebradas
Do canto da praia
O barulho do mar
Carrega nossas lembranças
Para dentro de mim

Caminhos tortos
Decisões imprecisas
Fogo e inconsequentes
Tempestades me isola
Me ilha

A sombra de recordações frescas
Busco remar pelos caminhos que te encontram
Em qualquer lugar
Mas também aqui
Comigo

Serei mais que isso
Quando a fina flor do tempo
Se despedaçar
Entre passos inseguros

Que me encontra a você  

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

30 HORAS POR DIA

Janelas e portas abertas
Convite a vida e o sol a entrar
Novas fases 
Perfumes, cores e poesias
Mistura da desequilibrada fórmula
Que te forma e me faz

Saturada entre as tensões
Excitações
Tuas energias limpas e odores
Intumesce-me
E me encanta
Produz um encaixe perfeito

Colisões
Inevitáveis
Intenções que desarmam
Um corpo que vejo de fora
Tomado
Roubado e entregue

30 horas por dia
É pouco
Penso e como penso
Na parte de mim que ficou

Cheiro, sinto
Vida que chega
E segue

Sonhos sonhados
E vividos
Doce hálito 
Licencioso 
Duas vezes mais que bom

Afrodisíacas
Cenas 
Ainda não reais
Traz falta ao não vivido

Mágica magia
De deformes cores

Sentidos
E direção que se forma

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Aprisionado a liberdade

Há pouco
Peguei-me
Lendo-te

Lábios adocicados
Mordidos
Por lembranças intermináveis

O sorriso baixo
Frouxo
Internaliza

Senti o toque de teus dedos
E o calor de tua pele

O teu olhar me atravessava
E atravessa
Como uma sinfonia

Que sempre vai e fica

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Segredo


Pupilas dilatadas
O corpo quente
Desejos criados
Por vozes mansas ao telefone

Não há explicações
Para dizer
O que não pode ser dito

Sentir é a saída
Única solução

Às vezes
A sensação
De que o momento
É a vida

Os olhos brilham
A voz denuncia
O segredo

E a verdade do momento

Passagem

Pernas bambas
Pensamentos acelerados
O presente se decidindo
No próximo passo apertado

Venenosa encruzilhada
De decisões imprecisas
Só resta acelerar
E respirar profundo

 Adrenalina nas veias
Corpo em tensão
Descontrole total
Perco a estrada na curva

Controle
Nunca foi meu forte
Em segundos de transcendência
Encontro a solução
Vale o risco

Capoto
Sobrevivo
Levanto-me
E novamente 
Volto a acelerar


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Infinita busca

A vida segue
em lugares distintos
O desafio é encontrar o meio ideal para sobrevivência

e transformá-lo em um meio de vida.

Menina

Olha nos meus olhos
Tome tuas respostas
Perceba que é teu
O melhor de mim
Que lhe sou por inteiro...

Teu veneno me contaminou
E a parte necessária morre

Há de ser bom
O som desta nova vida
Das novas sensações que me chegam

Preciso te respirar
Tocar teu corpo na madrugada
Esperar você entrar pela porta
No final do dia

Ter-te em mim

Tome-me
Salve-me
Crie-me
Faz-me mais

Teu

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

IMPULSOS

Chove...
Num instante
o meu corpo
se desprende de mim
E se lava com o tempo

As mãos livres transpiram
Os pensamentos molhados se confundem
e se fundem...
a racionalidade 
de um impulso

Perco o controle
Deixo-me levar pelos passos
Incertos como os pingos da chuva
no ritmo manso desliso 
Caio
E me sinto bem

Um ser humano
mergulhado nas circunstâncias
das decisões 
e das indecisões

Fantasias 
projetos 
e compromissos...
A vida acontecendo em alta tensão

O freio parece não funcionar
Derrapar é inevitável

Não é fácil 
assumir o desconhecido
E agora?
que tudo parece novo
e o é...

Sinto-me descontrolado 
Na curva
Me despedindo...
E me encontrando

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Momentos em uma travessia

Salgado...
Assim, é o gosto da lembrança do que fui
há dois anos...

Acelerando na curva
de mais uma travessia
seus significativos efeitos
são reveladores
e estranhamente violentos

Despeço mais uma vez de mim
e me disperso em outras formas
Que estão ali
ou melhor, aqui...
Chegando...

Olho para traz
vejo o caminho que trilhei
Tão onduloso, e cumprido
quando as curvas do sertão

Na velocidade
pisando forte no acelerador
Visualizo a chegada
Perco o controle

O fim
é também o ponto de partida
Sinto-me mais conhecedor de mim
e menos eu

Medos e ansiedade
Inevitáveis
Não é nada fácil crescer
Encerrar fases...

À Flor da pele
Sopro mais um momento
Abandono a direção

Momento onde a vida
Tende a decidir os próximos passos...
Venha
Estou pronto...

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Mãe, eu não caibo nesse modelo aí

Está anunciada
E não é meu, o primeiro grito
Morte
Morte ao corpo homem jovem negro

Morte ao corpo
Morte ao homem
Morte ao jovem
Morte ao negro

Na morte
Me destruo
Me restituo
Me sou

A busca de vida, morte
A busca de ar, morte
A busca do sentir, morte
A busca de mim, morte e vida

Sem amarras
Sem padrões
Sem expectativas
Sem estereótipos

Com direitos
De ser...
De não ser...
De ser eu como sou.

Homem



Como assim?
Esse aí?
Não, não
Esse não me representa

Algemado na condição
De ser o que dizem que sou
Vou...
Desconstruindo essa prisão

Prisão que me orienta
Que me dar sentido
Que me inscreve o corpo
E define maneiras de pensar, exigências e posturas...

Tudo isso aí
Largo mão
Dispenso
Não quero

Hoje
E para sempre
Quero ter o direito
Deixe-me só ser

sábado, 6 de julho de 2013

Amor demais em mim



Sei lá sobre esse tal amor
Coisa estranha...
Sentimento ambíguo
Esquenta e esfria

É sorriso, é tristeza
Abraços de carinhos e lágrimas...
Difícil de compreender
Se é que pode...

Nas referências que tenho
Não me encontro
Dizem-me que é entrega, decisão, persistência
Até falam em renúncia

E eu, com tantas outras coisas para fazer
Não consigo viver sem mim
O individual, precisa mesmo morrer?
20% de amor basta

O resto prefiro provocações
Crítica e até, uma certa ira
Capaz de esfregar em minha cara
As inúmeras contradições que me constituem

Que me seja irmã
E me arranhe quando faltar entendimento
Que me seja amiga
E ande comigo em silêncio...

Que me seja família
Acolha-me no colo
E puxe minhas orelhas
Quando eu estiver equivocado

Que me seja conhecimento
E retire-me os entraves
Destrua meu eixo, e me possibilite ar para respirar
O resto, eu dispenso

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Juventude Negra



Será que vivo quando vivo?
A procura de mim
Nesse mundo 
Que não me ver
Minha existência frágil
Construída entre muros altos
Regula meu respirar
Controla meu agir e pensar

Sobre estas determinações
Não existo
Mal (sobre)vivo
Represento

Por aí vivo e morto
O meu corpo grita
Nas mais diversas direções
Enquanto os corpos se acumulam

Se houvesse mais tempo
Eu me destruiria
Me faria outro
Viveria

Mas me deram a morte
Em um copo de água

E com meu fim
A dor do existir se foi