Como encontrar o limiar entre o que se tem, o que se deseja e
o que se pode alcançar? Qual o lugar para ancorar o que estipulamos importantes/hora
necessário e o que podemos de fato ter/ser/desejar? Creio serem estas as preocupações que
nos últimos dias tem me invadido/atravessado e aqui esforço esvaziar-me...
Exercícios não comuns com meu corpo, marca a entrada em uma
fase desconhecida, aonde experiências empíricas, por vez exercitada no âmbito
das mentalidades, na prática do pensar e, do refletir, reverberam-se para minha
vida social, exigindo-me encontrar outro lugar para alocar meus pensamentos,
como meu corpo, minhas perguntas e respostas. Mas aonde?
Ao certo ainda não sei... Mas tenho idéias... Venho me dando possibilidades de ver os dias passarem pela janela, o que tem levado-me dar passos mais
lentos em direção ao que por hora acho que desejo vir ser. Essa prática,
encarada como uma terapia tem ajudado reajustar o meu processo/caminho e,
na maior parte do tempo levado-me a sentir mais satisfeito com os resultados alcançados, talvez por chegar ao objetivo proposto, que também tem se tornado mais frequente, logo
menos complexo. Compreendi que “mais importante que a velocidade, é o caminho” e, saber
para onde se quer ir, é muitas vezes, mais importante que o destino... Portanto, a palavra de ordem para o momento é DESACELERAR...
Tenho tido muitas dificuldades nesta nova empreitada, ainda nebulosa, o que me faz confundir a necessidade do desacelerar com a frenagem, que muitas vezes feita de forma abrupta e estúpida, quando não inconsequente, deixa
marcas inscritas em formas extensas e profundas em meu DNA... Mas são também importantes, ainda que
também violentas, violentam meu processo e minha trajetória me causando barreiras/defesas que engrossa minha proteção...
Pode parecer conformista, mas saber o que não se quer, às
vezes é a única forma de construir/definir o que se quer e, neste entendimento
coloco minhas angústias e aflições de lado e busco estruturar meus processos, meu caminho,
encontrando na solidão e no frio dos últimos dias que se faz alento acolhedor e potencializador dos meus pensamentos, que divagam livres em busca de respostas, ou de perguntas mais bem elaboradas... Sinto estarem sendo fincadas minhas raízes internas...
No processo... Enquanto as raízes internas vão crescendo... |
Tenho pensado sobre as escolhas que faço... Será que as tenho?
quando escolhemos, a fazemos a partir do que? E por que as escolhas traduzem perdas? Ao certo,
devo confessar que às vezes sinto não serem escolhas o que venho exercitando
rumo ao que defino como o que quero. O
próprio desejo do que quero, são muitas vezes para mim, algo não meu... Não sei se escolhi fazer faculdade, se escolhi viajar o Brasil, sair do país, se escolhi deixar o Sertão e construir uma carreira acadêmica. Não
sei se escolhi não ter filhos aos 28 anos, nem uma família estruturada para
quem eu dedicasse meu respirar e meus esforços... Certamente esses não eram
meus desejos de criança... Então vejo, que em boa parte do que hoje empreendo, do que hoje sou,
foram respostas dadas às ações que fui simplesmente cumprindo, realizando papéis determinados, assumindo, reproduzindo, encenando, muitas vezes de forma inconsequente que me trouxe até onde hoje
estou... Ilhado e emancipado na dicotômica cidade maravilhosa do Rio de
Janeiro...
Faço neste momento um exercício de auto-subversão, essas
coisas que fazemos quando desejamos mudar o direcionamento de nossos caminhos e
processos futuros, ao buscar concertar os equívocos possíveis do passado, visando o que estar por vir... Em
meu caso, intensificado pelo que sinto ter deixado para traz, ou em maior escala que não
deixei e, que hoje me exige-me largar...
O exercício do NÃO, sem dúvidas é, o que mais me exige e
me remete nesta fase do processo. O Não dito de forma seca e fraterna tem mudado minha postura e os meus pensamentos,
fazendo-me olhar a partir de outros ângulos. Dizer Não é difícil e dói, mas também vejo
e sinto ser necessário, providencial e importante. Sei que as práticas que venho
tomando neste momento, não traduzem de fato e ao certo o que hoje sou e o que projeto querer vir a ser,
talvez, por ainda ser um momento de transição ou, talvez, por ainda ser um processo
que só esteja no começo... O fato é que já sei olhar para mim sem precisar de espelhos e,
isso de alguma forma, me acalenta a alma e ajuda manter-me nessa postura que
vou ensaiando, num entre-lugar entre o que tenho, posso e desejo vir a ser/estar...
Não dar mais para oferecer algo que não tenho... Não posso mais
permitir aventurar em efêmeros momentos e sentimentos que não posso ser recíproco, nem pensar distante de mim...
Felizmente alcanço isso em um momento que ainda não tomei decisões mais sérias
em minha vida, pelo menos que exija de mim mais que os meus pensamentos, para
demarcar meus próximos passos...
Desacelerando, colocando meus pensamentos em lugares/outros
que ainda ao certo não sei aonde, assim vou, definindo meus processos, seguindo
meus próprios passos, iluminando meus caminhos e desenho meus dias... Um de
cada vez.
"Em direção a um novo humanismo...
ResponderExcluirA compreensão dos homens...
Compreender e amar..."
Disse Fanon. Nesse complexo e instigante movimento pelo auto conhecimento e pela busca de si, de um Eu que se pretende e se enxerga autônomo, muitas são as descobertas, ganhos, perdas e confrontos internos e externos.
Entre esses conflitos encher-se de si também faz com que passemos a assumir nossos próprios riscos, colhendo os frutos de tudo aquilo que construímos mas também assumindo os danos ou percausos de nossas escolhas. Os nãos representam também, nesse sentido o exercício de encarar monstros...
Assim, essa busca por uma outra/nova humanidade, também reinvidincada por Fanon perpassa por esse processo, intenso, complexo mas promissor...
Compartilhar e acompanhar esse processo também é um aprendizado que me tem feito repensar e ressignificar minhas formas de compreender esse outro...