quinta-feira, 28 de junho de 2012

ASSIM DO MEU JEITO


Simetria?
Para quê tê-la
Ela me cerceia
Ela me engessa

Esconde-me onde não posso ser
Conduz-me para longe de mim

Quero poder ser sem pudores
Investido naquilo que meus sonhos acreditam
Mesmo sem jeito for, poder materializá-los

Sou assim, como sou

Longe de ser descrito em linhas retas
Talvez num fio negro desajeitado
Enrolado às vezes embaraçado
Preso em minha própria dinâmica

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Crises...

Classificaria como tensos, os últimos tempos...

Primeiramente peço desculpas às pessoas que seguem meus textos, pelo longo período que fiquei afastado desta de minha janela pessoal, eximindo a partilha de como venho olhando a vida... Sei que de alguma forma algumas pessoas encontram coerência, transcendência e às vezes arsenal, para reflexões e críticas nas palavras que escrevo.

Estive por diversas vezes de frente a folha branca, aberta... Não imaginava o quando sou desafiando por ela e, confesso ter temido enfrentá-la nos últimos tempos. Talvez por ter sido tomado de variadas sensações e sentimentos, talvez pelas mudanças que avalio como significativas na modelagem que tem afetado minha humilde e, sertaneja maneira de ver a vida... Rupturas e distanciamentos? Inevitáveis... 

Consequências de caminhos que vou trilhando rumo ao desafio perene de descobrir quem sou...

O pânico, ao defrontar à folha de A4 aberta no computador, também exprime respeito e uma nova envergadura que para mim é sinônimo de maturidade, e análises mais próximas do que sou, ou do que tenho me tornado, exercício desafiante para minha escrita, que cada vez mais se envolve da responsabilidade de descrever a transição de meu processo, o que ainda parece nebuloso para mim...

O dia de hoje, faz-se convidativo para um chocolate quente e ócio improdutivo, destes de televisão e edredom... Ontem 21/06, foi à passagem do outono para o inverno, trazendo do sul uma frente fria, que balançam as árvores vistas de minha janela... Inverno é tempo de hibernação, uma fase significativa para a vida... Sinto-me em metamorfoses violentas que tem libertado sentidos, que vivo cada vez com maiores intensidades, à flor da pele.  


III Geração de Meu Povo...
Experiências de “sintipensante”, já são possíveis de serem identificadas em minhas performances... São dolorosos, os esforços de sedução e reconquista, dos variados divórcios, que a forma hegemônica imposta, orienta nossa educação, consequentemente nossa maneira de ver e viver a vida (Razão x Emoção; Corpo x Alma; Homem x Mulher; Pecado X Salvação, Carreira/Estudos x Relacionamento; Negro x Branco...). São inegáveis as muitas diferenças, o que dificulta a percepção da beleza de viver na diversidade...

As paredes que delimitam o curto espaço entre a cozinha e o quarto (que também é sala e escritório) protegem-me do frio, mas não de mim mesmo, me desafiando a dar liberdade aos meus pensamentos, também me distanciando da maneira “coletiva” de ver... 

Liberdade e prisão se chocam... Paradoxo que implica perdas, mas também ganhos...

O café da manhã, tomado às 11:00 horas, hoje acompanhado de frutas e solidão, faz-me entender que o Amor, pelo exercício do sexo, (calmo e/ou selvagem)seria o melhor alimento agora... Creio que assim, revelo minha vocação para o pecado que para a santidade, pensando dentro da mística cristã de minha formação, entrave que tenho buscado superar...

Ensaio: Novas formas de ser
Sinto meu ritmo andar em descompasso com a velocidade imposta pelos padrões de normalidade. Almoço entre às 17:00 e 18:00 horas, lanche às duas da madrugada... Tem sido assim minha rotina... Consigo notar até mesmo nos passos que dou rumo à padaria, ou ao campus da universidade, uma velocidade que é só minha, mas que pode ser semelhante à de outros/as. Às vezes me pego reproduzindo o ritmo frenético desta cidade, mas logo abaixo minhas energias, pois vejo não haver motivos que justifique esta velocidade de competição...

Acho compreensivas e importantes, as diversas mudanças que tenho passado. Às vezes as sinto reverberarem na maneira mais calma que hoje me comunico, bem como, no exercício doloroso que é ser mais ouvidos...

Bem, sei que não consigo transferir em palavras todos estes acontecimentos e, imagino a confusão destas minhas palavras até aqui, por soarem do lugar de minha subjetividade, por isso a Crise, melhor, as Crises. Entendo a necessidade de encontrar uma via de escoamento destas pulsões que desarrumam a organicidade de meu interior e, que tem me feito relativizar as verdades construídas, mas também entendo, que estou no centro de um processo, o que ajuda a controlar todas as minhas ansiedades.

Passo a crer intensamente, que os tempos de Crises não são vividos de forma isolada. Creio que compartilhamos a todo o momento, por isso sinto motivado a reforçar a importância de Ouvir. Ouvir mais e mais, quantas vezes for preciso. Importa ouvir, e não só às pessoas, os/as mais velhos/as, mas também às crianças e jovens, em especial, ouvir a vida e a natureza. Creio que a vida e a natureza nos falam muito e, nos alerta dos diversos conflitos que passamos... 

Juntas, elas têm mostrado outras realidades possíveis de ver e ser, consequentemente realidades outras de viver. Realidades que em gestação, trazem esperança para um tempo que exprime paradoxos e Crises, mas de onde já é possível visualizar uma forma comum de experimentar-mos outras formas de vida.