segunda-feira, 15 de julho de 2013

Mãe, eu não caibo nesse modelo aí

Está anunciada
E não é meu, o primeiro grito
Morte
Morte ao corpo homem jovem negro

Morte ao corpo
Morte ao homem
Morte ao jovem
Morte ao negro

Na morte
Me destruo
Me restituo
Me sou

A busca de vida, morte
A busca de ar, morte
A busca do sentir, morte
A busca de mim, morte e vida

Sem amarras
Sem padrões
Sem expectativas
Sem estereótipos

Com direitos
De ser...
De não ser...
De ser eu como sou.

Homem



Como assim?
Esse aí?
Não, não
Esse não me representa

Algemado na condição
De ser o que dizem que sou
Vou...
Desconstruindo essa prisão

Prisão que me orienta
Que me dar sentido
Que me inscreve o corpo
E define maneiras de pensar, exigências e posturas...

Tudo isso aí
Largo mão
Dispenso
Não quero

Hoje
E para sempre
Quero ter o direito
Deixe-me só ser

sábado, 6 de julho de 2013

Amor demais em mim



Sei lá sobre esse tal amor
Coisa estranha...
Sentimento ambíguo
Esquenta e esfria

É sorriso, é tristeza
Abraços de carinhos e lágrimas...
Difícil de compreender
Se é que pode...

Nas referências que tenho
Não me encontro
Dizem-me que é entrega, decisão, persistência
Até falam em renúncia

E eu, com tantas outras coisas para fazer
Não consigo viver sem mim
O individual, precisa mesmo morrer?
20% de amor basta

O resto prefiro provocações
Crítica e até, uma certa ira
Capaz de esfregar em minha cara
As inúmeras contradições que me constituem

Que me seja irmã
E me arranhe quando faltar entendimento
Que me seja amiga
E ande comigo em silêncio...

Que me seja família
Acolha-me no colo
E puxe minhas orelhas
Quando eu estiver equivocado

Que me seja conhecimento
E retire-me os entraves
Destrua meu eixo, e me possibilite ar para respirar
O resto, eu dispenso

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Juventude Negra



Será que vivo quando vivo?
A procura de mim
Nesse mundo 
Que não me ver
Minha existência frágil
Construída entre muros altos
Regula meu respirar
Controla meu agir e pensar

Sobre estas determinações
Não existo
Mal (sobre)vivo
Represento

Por aí vivo e morto
O meu corpo grita
Nas mais diversas direções
Enquanto os corpos se acumulam

Se houvesse mais tempo
Eu me destruiria
Me faria outro
Viveria

Mas me deram a morte
Em um copo de água

E com meu fim
A dor do existir se foi



terça-feira, 2 de julho de 2013

Será?


Lentamente você chegou
Doce como o nascer do sol
amparou-me e acolheu-me em teus braços 
me refez... 

Dominado pelo novo desejo de existir
busquei nas mais diversas e possíveis formas
lhe fazer sentir o quanto estás em mim...

Em cada letra que escrevo...

Em cada compasso do meu corpo...

Em cada nota do violão
você me estar presente

Faz-me ter sentido...