Classificaria como tensos, os
últimos tempos...
Primeiramente peço desculpas às pessoas
que seguem meus textos, pelo longo período que fiquei afastado desta de minha
janela pessoal, eximindo a partilha de como venho olhando a vida... Sei que de
alguma forma algumas pessoas encontram coerência, transcendência e às vezes arsenal,
para reflexões e críticas nas palavras que escrevo.
Estive por diversas vezes de
frente a folha branca, aberta... Não imaginava o quando sou desafiando por ela
e, confesso ter temido enfrentá-la nos últimos tempos. Talvez por ter sido
tomado de variadas sensações e sentimentos, talvez pelas mudanças que avalio como
significativas na modelagem que tem afetado minha humilde e, sertaneja maneira
de ver a vida... Rupturas e distanciamentos? Inevitáveis...
Consequências de caminhos que vou
trilhando rumo ao desafio perene de descobrir quem sou...
O pânico, ao defrontar à folha de
A4 aberta no computador, também exprime respeito e uma nova envergadura que
para mim é sinônimo de maturidade, e análises mais próximas do que sou, ou do
que tenho me tornado, exercício desafiante para minha escrita, que cada vez
mais se envolve da responsabilidade de descrever a transição de meu processo, o
que ainda parece nebuloso para mim...
O dia de hoje, faz-se convidativo
para um chocolate quente e ócio improdutivo, destes de televisão e edredom... Ontem
21/06, foi à passagem do outono para o inverno, trazendo do sul uma frente fria,
que balançam as árvores vistas de minha janela... Inverno é tempo de hibernação,
uma fase significativa para a vida... Sinto-me em metamorfoses violentas que
tem libertado sentidos, que vivo cada vez com maiores intensidades, à flor da
pele.
III Geração de Meu Povo... |
Experiências de “sintipensante”, já
são possíveis de serem identificadas em minhas performances... São dolorosos, os
esforços de sedução e reconquista, dos variados divórcios, que a forma hegemônica
imposta, orienta nossa educação, consequentemente nossa maneira de ver e viver
a vida (Razão x Emoção; Corpo x Alma; Homem x Mulher; Pecado X Salvação, Carreira/Estudos
x Relacionamento; Negro x Branco...). São inegáveis as muitas diferenças, o que
dificulta a percepção da beleza de viver na diversidade...
As paredes que delimitam o curto
espaço entre a cozinha e o quarto (que também é sala e escritório) protegem-me do
frio, mas não de mim mesmo, me desafiando a dar liberdade aos meus pensamentos,
também me distanciando da maneira “coletiva” de ver...
Liberdade e prisão se chocam...
Paradoxo que implica perdas, mas também ganhos...
O café da manhã, tomado às 11:00
horas, hoje acompanhado de frutas e solidão, faz-me entender que o Amor, pelo
exercício do sexo, (calmo e/ou selvagem)seria o melhor alimento agora... Creio
que assim, revelo minha vocação para o pecado que para a santidade, pensando
dentro da mística cristã de minha formação, entrave que tenho buscado superar...
Ensaio: Novas formas de ser |
Sinto meu ritmo andar em
descompasso com a velocidade imposta pelos padrões de normalidade. Almoço entre
às 17:00 e 18:00 horas, lanche às duas da madrugada... Tem sido assim minha rotina...
Consigo notar até mesmo nos passos que dou rumo à padaria, ou ao campus da
universidade, uma velocidade que é só minha, mas que pode ser semelhante à de
outros/as. Às vezes me pego reproduzindo o ritmo frenético desta cidade, mas logo
abaixo minhas energias, pois vejo não haver motivos que justifique esta
velocidade de competição...
Acho compreensivas e importantes, as
diversas mudanças que tenho passado. Às vezes as sinto reverberarem na maneira mais calma que
hoje me comunico, bem como, no exercício doloroso que é ser mais ouvidos...
Bem, sei que não consigo
transferir em palavras todos estes acontecimentos e, imagino a confusão destas
minhas palavras até aqui, por soarem do lugar de minha subjetividade, por isso a
Crise, melhor, as Crises. Entendo a necessidade de encontrar uma via de escoamento destas pulsões
que desarrumam a organicidade de meu interior e, que tem me feito relativizar as
verdades construídas, mas também entendo, que estou no centro de um processo, o que ajuda a controlar
todas as minhas ansiedades.
Passo a crer intensamente, que os
tempos de Crises não são vividos de forma isolada. Creio que compartilhamos a
todo o momento, por isso sinto motivado a reforçar a importância de Ouvir. Ouvir mais e mais, quantas vezes for preciso. Importa ouvir, e não só às
pessoas, os/as mais velhos/as, mas também às crianças e jovens, em
especial, ouvir a vida e a natureza. Creio que a vida e a natureza nos falam
muito e, nos alerta dos diversos conflitos que passamos...
Juntas, elas têm mostrado outras
realidades possíveis de ver e ser, consequentemente realidades outras de viver. Realidades que em
gestação, trazem esperança para um tempo que exprime paradoxos e Crises, mas de onde já é possível visualizar uma forma comum de experimentar-mos outras formas de
vida.
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